quarta-feira, 24 de abril de 2019

Reformas


Eles não trabalham
Eles nunca trabalharam
Mas eles são donos
Donos do nosso suor
Donos do nosso sangue
Donos da nossa vida
Donos das nossas almas

Eles mandam
Eles maquinam
Eles tramam
Eles invadem
Legalmente...

Eles destroem a história
Eles constroem o presente
Eles destroem o planeta
Eles constroem opinião

Eles mudam
Eles transformam
Eles comem tudo
E guardam tudo
Em suas contas...

Eles reformam sua casa
Eles reformam sua vida
Eles reformam nossas leis
Eles sonegam impostos
Eles sonegam a humanidade
Eles sonegam a vida...

Mas eles são os donos
Dos nossos votos
Da nossa força
Da nossa opinião
Da nossa mediocridade
Do nosso café com pão

Do nosso Deus?


                            Charles do Arraia
                                  Abril de 2019

sexta-feira, 25 de março de 2016

Por uma verdadeira Páscoa


Sexta-feira Santa... Cristo morreu por nós na cruz... Cristo morreu por nós na cruz! Cristo morreu por nós na cruz!!! Será que ninguém entende?!
Quem são os nós desta história? Um pouco de leitura bíblica poderá nos iluminar um pouco, mas desde que seja uma leitura conduzida não só pela fé no que pregam as nossas instituições religiosas e sim uma leitura mais crítica, atenta à história, enquanto ciência, e também atenta às relações de poder instituídas milenarmente, cuja base é a exploração do povo. Assim ficará muito claro que os nós desta história somos nós: esse povo. 
Cristo morreu pelo povo! Morreu para nos mostrar o quanto o amor, a doação, a fraternidade, são caminhos que nos levam à verdadeira eternidade, independentemente das instituições políticas ou religiosas, cujos deuses são o Imperialismo e o seu Sistema Monetário. Daí as máximas: “A César o que é de César. A Deus o que é de Deus.” e “Destruí este templo, e, em três dias, Eu o reconstruirei.” Nenhuma igreja que conheço é exemplo disso... Será por quê?...
Pena é que nós, o povo, no decorrer da história, entregamos Cristo aos poderosos, assim como Judas o fez... As primeiras comunidades cristãs foram muito perseguidas, até o dia em que os poderosos descobriram que tornar o cristianismo uma instituição protetora do poder, alienadora das massas, seria muito mais inteligente e rentável do que continuar com tais perseguições. E assim se fez... E assim nasceu o mistério... E assim até hoje entregamos Cristo nas mãos dos poderosos... 
Desde o declínio do Império Romano até o Imperialismo Norte-americano e Europeu dos dias de hoje as instituições religiosas foram (durante a Idade Média, a principal arma do poder opressor) e continuam sendo uma das principais armas nas mãos dos poderosos, perdendo o primeiro lugar apenas para a grande mídia. Uma questão bastante intrigante e que, para alguns fanáticos, chega a ser uma blasfêmia, mas não temos tanto tempo aqui para discuti-la, infelizmente...
Cristo é do povo, sempre foi e sempre será! Mas precisamos buscar em algum cantinho escondido em nossa mente o que Dele nos restou, o que ainda não foi pervertido pelo poder. Devemos sim tomar o Seu exemplo para através do racionalismo continuarmos a transformação iniciada por Ele.
Que o dia de hoje nos sirva para refletirmos de que forma estamos perpetuando o exemplo de Cristo. Que não seja só mais um dia de jejum ou abstinência seguido de um Sábado de Aleluia regado a bacalhau, carne assada, cervejas e vinhos, ensaiando um Domingo de Páscoa bem melado de chocolate... Sejamos, enfim, mais humanos... Reflitamos sobre o verdadeiro sentido da Páscoa, que é a doação total, e através dela o surgimento de uma nova esperança em Cristo ressuscitado!
Que Deus nos permita sermos bem melhores do que fomos no passado e do que somos no presente... Menos alienados, menos moldáveis... E que aprendamos a ver a realidade que o mundo joga em nossa cara o tempo inteiro, realidade que nos leva a tantas e aparentemente eternas crises... Esta realidade está num outdoor, bem em nossa frente, e mudá-la pode ser que não seja impossível... Mas nossos costumes, nossas instituições “blindadas”, nossos vícios, nosso egoísmo, tantas coisas não nos deixam aceitá-la ou ao menos enxergá-la... Abramos os nossos olhos, nossos ouvidos e a nossa boca! Construamos uma verdadeira Páscoa!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A grande jogada política


           “Vamos fazer com que as pessoas acreditem que estamos vivenciando uma crise! É isso o que precisamos fazer para que coloquemos cada qual no seu lugar e possamos mostrar de uma vez por todas quem manda nesse país!”
Daí a mídia, financiada por eles (os imperialistas, as multinacionais, as grandes empresas, os latifundiários, etc.) e protegida por alguns “deuses” da política corrupta do Brasil, inicia um enorme merchandising em cima de uma crise que infelizmente sempre existiu. Afinal, o povo alguma vez já saiu da crise? Alguma vez na história desse país já foi fácil para o povo o arroz, o feijão, a gasolina, a energia, o aluguel?... Não se enganem, camaradas! Quando você diz que a gasolina custava centavos no passado, parece esquecer-se de que o salário mínimo era de uns quarenta e poucos reais... Na verdade, para o assalariado muito pouco ou nada mudou... Quanto à corrupção, acho que não preciso citar nenhum exemplo, pois este nosso país sempre foi um dos maiores exemplos de corrupção no mundo. Na verdade, ela já faz parte de nossa identidade, afinal o bom jeitinho brasileiro é coisa do nosso cotidiano desde os tempos de Cabral.
No entanto não podemos negar que para muitos brasileiros, nas duas últimas décadas, houve mudanças significativas: por um lado, muitos saíram de um patamar miserável para o que os governos chamam de classe média, com isso o nosso poder de compra aumentou uma porcentagem considerável nas duas últimas décadas; e, por outro lado, vivenciamos um importantíssimo momento histórico nesse país de nobres, de coronéis, de poderosos intocáveis, pois estamos vendo, pela primeira vez, corruptos serem ao menos denunciados, alguns julgados por seus crimes e uns poucos até condenados... Para quem conhece a história desta República sabe o quanto isso era inesperado...
Não defendo aqui governo A ou B, afinal sou de concepção socialista e sabemos que nenhuma das propostas apresentadas e consideravelmente votadas pelo povo são realmente viáveis para o trabalhador; o que defendo é a conscientização política das pessoas e não este projeto do Neoliberalismo de universalização da ignorância, que faz com que as pessoas enxerguem PT, PMDB, PSDB e seus aliados como partidos diferentes sendo que não o são. As pessoas se enfurecem, se machucam, brigam, sem perceber que o que acontece é simplesmente uma grande jogada política, uma luta pelo poder, simplesmente, pois todos os partidos citados não passam de marionetes nas mãos dos poderosos que querem que o Brasil seja sempre essa “prostituta” que paga para ser explorada, com um povo que vota sem saber o que é ideologia, sem saber o que é luta de classes, sem saber o que é política. Infelizmente...
Enquanto uns defendem o amarelo e outros o vermelho, muito poucos sabem que no fim das contas quem vai ficar com a maior parte do bolo são aqueles que nem se quer vivem neste país, aqueles que todos os anos mamam mais de 40% de tudo o que produzimos por causa de uma tal dívida que não é minha e nem tua, e que, se por acaso a parte deles diminui um pouquinho, como tem acontecido nos últimos anos, eles logo fazem de tudo para que o país acredite estar vivenciando uma crise.
Pare um pouco e pense nos números que nos são apresentados todos os dias pela mídia e reflita se esses números são representativos na vida do povo... É muito simples para mim o que está acontecendo: a velha guarda de Brasília, as bancadas ruralistas, a velha e a nova elite brasileira estão, na verdade, incomodadas com o pouco que o povo conseguiu crescer financeiramente nos últimos anos, pois é óbvio que quem sempre teve escravos não vai deixar que eles sejam alforriados assim tão fácil. Daí usar de todas as ferramentas que eles têm (e são muito poderosas) para fazer com que até aqueles que viram as suas vidas mudarem um pouquinho para melhor nos últimos anos acreditem que o melhor será devolver o país nas mãos daqueles que secularmente nos exploraram, nos roubaram, nos humilharam, e tudo sem se quer termos o direito de reclamar, de denunciar, de pensar... Ou será que ainda existe neste país pessoas que acreditam nas falácias que nos chegam de que a corrupção tem aumentado muito, que está fora dos limites? PELO AMOR DE DEUS!!! ESTUDEM HISTÓRIA!!! Ela sempre existiu e nas piores formas possíveis...
A gasolina subiu, sim... Tudo subiu, sim... Tudo sempre subiu... Não será outro governo neoliberal que, seguindo a mesma cartilha, fará com que os preços retrocedam... A PETROBRÁS foi roubada, sim... Sempre foi... Hoje, graças ao conflito político partidário sabemos um pouco do que sempre aconteceu por lá... E que os culpados sejam julgados e condenados de verdade!!!
Querem tirar a Dilma? Tirem! Agora lembre-se bem de quem é que vai entrar em seu lugar... Volto a pedir: estudem história, lembrem-se do que vivíamos, construa uma posição política independente da que  mídia tem construído e que as pessoas têm difundido, pois só os inocentes não percebem que a grande causa de tudo o que está acontecendo no cenário político brasileiro é pelo fato de boa parte dos poderosos desse país terem perdido as eleições que espero terem acontecido de forma “democrática”. O povo escolheu...

Quando o povo demostra mais poder que os “nobres” estes se utilizam da guilhotina para causar o medo, o pânico, o caos. A guilhotina de hoje é essa crise, que, como já disse, não passa de uma grande jogada política.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dilma ou Aécio, eis a questão:


Dilma ou Aécio, eis a questão: será mais nobre apoiar um dos dois através do nosso voto, tentar encontrar dentre os poucos motivos algum para justificar nossa escolha, mesmo entre as diversas pedras e setas com as quais o neoliberalismo dos dois candidatos nos alveja; ou insurgir-nos de vez contra este sistema caricato de eterna opressão do homem e da mulher, do trabalhador e da trabalhadora, do ser humano que nasce em todos os cantos deste país tão rico e têm de se acostumar a estar por baixo, humilhado diante da falta de oportunidades para tantos e as tantas oportunidades para os escolhidos, ou diríamos ainda, para os “nobres”?
Ainda não me convenci... Confiei o meu voto ao PSOL, que defende a ideologia na qual acredito. Creio então que a abstenção seja para mim a única alternativa que mantenha a minha dignidade enquanto cidadão e socialista por convicção.
Mas convencido estou de que, por mais decepcionados que estejamos com este partido que se diz dos trabalhadores, o PSDB ainda é a pior escolha, pois bem pouco é necessário para visualizarmos que para nós, que somos o povo, que carregamos esta nação no braço, algumas coisas melhoraram.
Queria que fosse diferente, queria que fosse socialismo e liberdade, mas social democracia JAMAIS!!!
Creio que as palavras do Pe. José Oscar Beozzo, apresentadas a mim através do blog de Leonardo Boff deixam claros os motivos de eu, mesmo sendo contrário à política petista, expor a minha preferência dentre os piores:

“Nesta campanha eleitoral certos meios de comunicação criaram o motto: “Fora PT”. Busca-se acabar com a “ditadura” do PT, para deixar campo livre para instaurar a “ditadura do mercado financeiro”. O que realmente incomoda? A corrupção e o mensalão?
A meu ver, o que incomoda, em que pesem todos seus limites, são as medidas democratizantes como o Pro-Uni, as cotas nas universidades para os estudantes vindos da escola pública e não dos colégios particulares; as cotas para aqueles cujos avós vieram dos porões da escravidão; a reforma agrária, ainda que muito aquém de tudo o que seria necessário, como sempre nos lembrou Dom Tomás Balduino; a demarcação e homologação em área contínua da terra Yanomami contra a grita de meia dúzia de arrozeiros apoiados pelo coro unânime dos latifundiários e do agronegócio, assim como todos os programas sociais do Bolsa Família, ao Luz para Todos, ao Minha Casa, minha Vida, o Mais Médicos e daí para frente.
Nunca incomodou a estes críticos que o Estado pagasse o estudo de jovens estudantes de famílias ricas que deram a seus filhos boa educação em escolas particulares, o que lhes franqueou o acesso ao ensino gratuito nas universidades públicas aprofundando e consolidando a desigualdade de oportunidades. Esse estudo custa mensalmente ao Estado no caso de cursos como o de Medicina de seis a sete mil reais. Nunca protestaram essas famílias contra essa “bolsa-esmola” dada aos ricos, e que é vista como “direito” devido a seus méritos e não como puro e escandaloso privilégio. São os mesmos que se recusam a ser médicos nos interiores e nas periferias que não dispõem de um médico sequer.
Os que sobem o tom dizendo que tudo no país está errado, em que pese a melhoria do salário mínimo, a criação de milhões de empregos, a ampliação das políticas sociais em direção aos mais pobres, a criação do Mais-Médicos, posicionam-se contra as políticas do PT que visam a assegurar direitos cidadãos, ampliar a democratização da sociedade, combater privilégios e sobretudo colocar um pouco de freio (insuficiente a meu ver) à ganância e à ditadura do capital financeiro e do “mercado”.”


É isso, simplesmente, o que me faz preferir que os que tiverem a coragem de votar no neoliberalismo prefiram a política do PT que, por mais que em nosso município não tenha preservado NADA do que me fazia vestir sua camisa no passado, ainda conseguiu fazer do nosso país um lugar menos miserável para a maioria da população brasileira.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Considerações sobre os adolescentes a família, a crise de valores e a política em nossa sociedade



            Na Rua Governador Valadares, bem próximo ao hospital Santa Maria, havia uma velha casa de madeira. Abandonada pelos seus donos, aquela casa se tornara um cantinho dos prazeres. A molecada se reunia todas as noites para bebericar o que conseguiam, da maneira mais escondida possível, e imaginar que eram homens, bebendo, usufruindo daquilo que a cultura de nossos pais, machista, desde pequenos nos ensina ser o certo, mesmo sendo o errado. É cultura, né? Fazer o quê?!

Outras vezes, depois dos hormônios mais evolvidos podíamos nos permitir visitas de mocinhas já mulheres, vivendo as ebulições hormônicas dos seus quatorze, quinze anos, permitindo às filas de moleques provarem daquele mel prometido, sabia Deus a quem...

            Meu Deus!... Só Deus é que protegia aquela legião de prováveis aidéticos...

            E hoje? O que os jovens fazem?

           Não chega a ser tão diferente, mas hoje a libertinagem e a ausência de valores, inclusive éticos e morais parecem estar mais acentuadas. Na verdade muita coisa deixou de ser camuflada... 

          Quando me lembro da forma como tínhamos medo de sermos pegos por um adulto. Era medo mesmo! Se nossos pais soubessem de alguma de nossas traquinagens, Deus do céu! Era “caixão e vela preta!” Hoje parece que a molecada não se importa com a possível repreensão de um adulto. Ao que parece, eles nem diferenciam mais adultos de adolescentes ou crianças. Talvez seja pela confusão que a TV tem feito há anos mostrando crianças que vivem como adultos, se vestem como adultos, tem uma vida sexual ativa, como adultos... São crianças... E nem vou pedir que acredite, pois nem é preciso, basta olhar para os lados. 

           Achamos tudo o que acontece com a juventude algo anormal, mas não é bem por aí. Para eles, tudo o que achamos impróprio para suas idades, é muito normal. Esse tem sido um dos problemas, não deles, mas nosso. Os tratamos como achamos correto, mas estamos é perdidos, pois eles, com certeza, nos acham muito atrasados. O pior é que somos mesmo...

           Eles já sabem de tudo o que achamos que não sabem, já conversam sobre todos os assuntos que pensamos ser vergonhoso para eles, já fazem coisas que nem se quer imaginamos, quando estão sozinhos ou com os amiguinhos ou amiguinhas. Em suas cabeças existe um universo que, se pudéssemos navegar por suas galáxias, certamente teríamos o pior de todos os nossos pesadelos, pois o que esperamos deles é que sejam crianças, crianças apenas... Mas não o são! Não mais!

          Essa crise familiar que o nosso país está vivenciando, por estar ainda em seu começo, não permitiu que a população parasse e desse a devida atenção que a discussão merece. Mas a passos largos o caos está tomando nossas casas, nossos bairros, nossas cidades, e por todos os cantos do país vemos casos de jovens sem futuro, casos de crianças que dão à luz a outras crianças, casos de pais cada vez mais omissos, ausentes, e, por isso, muito compreensivos com os seus filhos quando não deveriam ser...

             Então, o que fazer?

            Solucionar este problema será um enorme desafio para as conjunturas políticas que pretendem comandar o nosso país, os nossos estados, as nossas cidades. Mas, sinceramente, acredito ser muito difícil que os governos neoliberais, financiados pelas grandes empresas, banqueiros e corrupção, sejam capazes de encontrar caminhos que possam ser trilhados por essa nova sociedade que se apresenta. Até porque é de interesse do poder que as pessoas não tenham a capacidade de reconhecer a verdadeira situação em que vivem política, social e economicamente falando. Famílias desestruturadas acabam por contribuir com os problemas sociais que vivemos hoje de modo insofismável. E quando falo em famílias falo em todos os tipos de família que temos hoje, pois a família tradicional há muito que vem definhando por diversos motivos.
 
           Quando um pai precisa de um político para conseguir que sua conta de luz seja paga, ou precisa de um corrupto para que o remédio que deveria estar no postinho chegue até o seu filho, ou precise se humilhar diante de um vereador ou prefeito para conseguir uma ambulância para levar o seu filho acidentado até a cidade mais próxima com UTI (o que deveria existir em todas as cidades, se observarmos a quantidade de impostos que pagamos), quando este pai ou mãe precisa passar dias atrás de um político para conseguir um contrato temporário para poder sustentar sua família, como se não tivesse direito a um bom emprego, como se não tivesse direito a ter em sua cidade um concurso público para que pudesse conquistar a sua vaga e não precisar ser humilhado por sigla partidária alguma... Quando coisas assim acontecem, é porque, infelizmente, a sociedade nem se quer sabe o verdadeiro papel de um político, ou então, pior ainda, a necessidade que o povo passa devido à corrupção e má administração é tanta que o povo se vê obrigado a aceitar o inferno em que vivemos... Estamos sem saída... Talvez...

A educação, a ciência, o conhecimento, que são a única saída para o povo, são desmoralizados através das armas que o poder utiliza para fazer do povo eternos ignorantes: sucateamento da educação pública, em todos os níveis; desvalorização dos profissionais da educação; a TV; a prostituição legal; a banalização do sexo através de músicas, filmes e sua livre divulgação através dos diversos e modernos meios de comunicação; até a própria igreja, com sua milenar alienação cultural e científica, sempre se curvando aos poderosos, seus patrocinadores... Verdadeiro cerco fechado...

Temo muito pelo futuro que nossos filhos terão... Temo muito pelo futuro que eu terei, pois para todos os lados que olhamos nestes dias de campanha vemos os frutos da corrupção se aproveitarem da ignorância, câncer de nossa sociedade, e fazerem com que pernas e braços empunhem pendões e entreguem folhetins com os números daqueles que sem dúvida são os culpados por tais braços e tais pernas terem de se submeter a tal opressão, a tal vergonha, a tal humilhação...


          Espero em Deus que a humanidade possa um dia abrir os olhos, que possa discernir entre a exploração e a comunhão, que aprenda com o “mistério” de Cristo o que vem a ser comunidade, entrega, socialismo, luta pelos irmãos, que são as pessoas de todas as cores, classes, opções sexuais, religiões, partidos políticos, países, etc. e que através do conhecimento e evolução que o Criador nos proporcionou possamos construir uma terra livre de opressores, de políticos corruptos, da ignorância, e que todos tenham oportunidade de ser, de dizer, de sonhar, de fazer um mundo melhor.

sábado, 31 de agosto de 2013

Barreiras...

João, Maria e seus dois filhos estiveram hoje no mercado, mas foram surpreendidos por uma barreira, que no sentido denotativo significa ser brasileiro. Muitos são os brasileiros que podem ultrapassar essa barreira que um simples mercado é capaz de erguer frente à boa parte de nossos compatriotas, mas quantas outras barreiras são monumentalmente levantadas diante da maioria gritante do povo brasileiro? A barreira de acesso à arte, ao lazer, ao esporte, à saúde, à educação... João chamou Maria de lado, enquanto os meninos enchiam os olhos com as cores dos rótulos dos secos e as outras cores sucosas dos molhados, e a lembrou: “Tu sabe que a gente não tem dinheiro pra essas coisas. Segura esses meninos pra não passar vergonha.” Maria olhava para outro pai que ao seu lado passava e que, muito pelo contrário, empurrava um carrinho estufado de coisas a serem compradas. Sua mulher à frente mal olhava os rótulos, apenas jogava atrás, no carrinho que ele empurrava. Observando mais à frente, percebeu que as duas crianças gordas que haviam passado consumindo iogurtes, achocolatados e outras guloseimas (por mais que proibido), eram seus filhos... “Não se preocupe, nossas crianças sabem que não podemos comprar essas coisas. Elas sabem que, por mais que vejamos tantas mercadorias, apenas passamos por essas gôndolas por obrigação. Afinal, os produtos que podemos comprar estão sempre no final dos supermercados, no fim dos corredores que a todo tempo nos obrigam à humilhação que é passar por todos esses produtos e lembrarmo-nos de nosso pouco dinheiro, de nossa sorte tão mesquinha, de estarmos em um país que mal consegue alimentar aos seus filhos, mesmo sendo uma das maiores economias mundiais. Somos brasileiros... sim o somos. Somos pobres, e seremos sempre assim, a não ser que os milagres aconteçam. Pois só quem não conhece a verdadeira vida dos brasileiros é que não reconhecem que apenas vidas e ações milagrosas conseguem vencer o destino tão cruel e as barreiras que o nosso sistema político-econômico prepara a todo momento para os seus filhos, ou melhor, para seus escravos...”

Sobre a educação pública