sábado, 31 de agosto de 2013

Barreiras...

João, Maria e seus dois filhos estiveram hoje no mercado, mas foram surpreendidos por uma barreira, que no sentido denotativo significa ser brasileiro. Muitos são os brasileiros que podem ultrapassar essa barreira que um simples mercado é capaz de erguer frente à boa parte de nossos compatriotas, mas quantas outras barreiras são monumentalmente levantadas diante da maioria gritante do povo brasileiro? A barreira de acesso à arte, ao lazer, ao esporte, à saúde, à educação... João chamou Maria de lado, enquanto os meninos enchiam os olhos com as cores dos rótulos dos secos e as outras cores sucosas dos molhados, e a lembrou: “Tu sabe que a gente não tem dinheiro pra essas coisas. Segura esses meninos pra não passar vergonha.” Maria olhava para outro pai que ao seu lado passava e que, muito pelo contrário, empurrava um carrinho estufado de coisas a serem compradas. Sua mulher à frente mal olhava os rótulos, apenas jogava atrás, no carrinho que ele empurrava. Observando mais à frente, percebeu que as duas crianças gordas que haviam passado consumindo iogurtes, achocolatados e outras guloseimas (por mais que proibido), eram seus filhos... “Não se preocupe, nossas crianças sabem que não podemos comprar essas coisas. Elas sabem que, por mais que vejamos tantas mercadorias, apenas passamos por essas gôndolas por obrigação. Afinal, os produtos que podemos comprar estão sempre no final dos supermercados, no fim dos corredores que a todo tempo nos obrigam à humilhação que é passar por todos esses produtos e lembrarmo-nos de nosso pouco dinheiro, de nossa sorte tão mesquinha, de estarmos em um país que mal consegue alimentar aos seus filhos, mesmo sendo uma das maiores economias mundiais. Somos brasileiros... sim o somos. Somos pobres, e seremos sempre assim, a não ser que os milagres aconteçam. Pois só quem não conhece a verdadeira vida dos brasileiros é que não reconhecem que apenas vidas e ações milagrosas conseguem vencer o destino tão cruel e as barreiras que o nosso sistema político-econômico prepara a todo momento para os seus filhos, ou melhor, para seus escravos...”

Sobre a educação pública