sexta-feira, 25 de março de 2016

Por uma verdadeira Páscoa


Sexta-feira Santa... Cristo morreu por nós na cruz... Cristo morreu por nós na cruz! Cristo morreu por nós na cruz!!! Será que ninguém entende?!
Quem são os nós desta história? Um pouco de leitura bíblica poderá nos iluminar um pouco, mas desde que seja uma leitura conduzida não só pela fé no que pregam as nossas instituições religiosas e sim uma leitura mais crítica, atenta à história, enquanto ciência, e também atenta às relações de poder instituídas milenarmente, cuja base é a exploração do povo. Assim ficará muito claro que os nós desta história somos nós: esse povo. 
Cristo morreu pelo povo! Morreu para nos mostrar o quanto o amor, a doação, a fraternidade, são caminhos que nos levam à verdadeira eternidade, independentemente das instituições políticas ou religiosas, cujos deuses são o Imperialismo e o seu Sistema Monetário. Daí as máximas: “A César o que é de César. A Deus o que é de Deus.” e “Destruí este templo, e, em três dias, Eu o reconstruirei.” Nenhuma igreja que conheço é exemplo disso... Será por quê?...
Pena é que nós, o povo, no decorrer da história, entregamos Cristo aos poderosos, assim como Judas o fez... As primeiras comunidades cristãs foram muito perseguidas, até o dia em que os poderosos descobriram que tornar o cristianismo uma instituição protetora do poder, alienadora das massas, seria muito mais inteligente e rentável do que continuar com tais perseguições. E assim se fez... E assim nasceu o mistério... E assim até hoje entregamos Cristo nas mãos dos poderosos... 
Desde o declínio do Império Romano até o Imperialismo Norte-americano e Europeu dos dias de hoje as instituições religiosas foram (durante a Idade Média, a principal arma do poder opressor) e continuam sendo uma das principais armas nas mãos dos poderosos, perdendo o primeiro lugar apenas para a grande mídia. Uma questão bastante intrigante e que, para alguns fanáticos, chega a ser uma blasfêmia, mas não temos tanto tempo aqui para discuti-la, infelizmente...
Cristo é do povo, sempre foi e sempre será! Mas precisamos buscar em algum cantinho escondido em nossa mente o que Dele nos restou, o que ainda não foi pervertido pelo poder. Devemos sim tomar o Seu exemplo para através do racionalismo continuarmos a transformação iniciada por Ele.
Que o dia de hoje nos sirva para refletirmos de que forma estamos perpetuando o exemplo de Cristo. Que não seja só mais um dia de jejum ou abstinência seguido de um Sábado de Aleluia regado a bacalhau, carne assada, cervejas e vinhos, ensaiando um Domingo de Páscoa bem melado de chocolate... Sejamos, enfim, mais humanos... Reflitamos sobre o verdadeiro sentido da Páscoa, que é a doação total, e através dela o surgimento de uma nova esperança em Cristo ressuscitado!
Que Deus nos permita sermos bem melhores do que fomos no passado e do que somos no presente... Menos alienados, menos moldáveis... E que aprendamos a ver a realidade que o mundo joga em nossa cara o tempo inteiro, realidade que nos leva a tantas e aparentemente eternas crises... Esta realidade está num outdoor, bem em nossa frente, e mudá-la pode ser que não seja impossível... Mas nossos costumes, nossas instituições “blindadas”, nossos vícios, nosso egoísmo, tantas coisas não nos deixam aceitá-la ou ao menos enxergá-la... Abramos os nossos olhos, nossos ouvidos e a nossa boca! Construamos uma verdadeira Páscoa!